sábado, 30 de abril de 2011

Pagando bem que mal tem !

Assim pensou a cantora Maria bethânia com certeza ao aceitar a idéia do Ministério da cultura(Minc) de estar à frente de um blog pelo custo de 1,3 milhão.
  A ideia é que o site "O Mundo Precisa de Poesia" traga diariamente um vídeo da cantora interpretando grandes obras. O cineasta Andrucha Waddington produziria os 365 filmes, o que teria encarecido a produção. O projeto seria coordenado pelo pesquisador Hermano Vianna, a cantora receberá  um cachê básico e exclusivo para ela de 600 mil reais, sim um "chachêzinho" para ela divulgar a cultura em seu blog postando textos postados pela própria.
O parecer final, disponível no site do ministério mediante número do processo (1012234), afirma que "os currículos apresentados são condizentes a proposta", e que a quantidade de profissionais, planejamento e tempo de trabalho parecem ser adequadas (sic). Atualmente, o cachê de um artista consagrado pode chegar aos R$ 500 mil, com parte do dinheiro a ser dividido entre os músicos que o acompanham. Considerando que o projeto de Bethânia dure 12 meses, o resultado é um salário de R$ 50 mil.
Nada contra com divulgação da cultura por Maria mas acho que muitos blogueiros fazem e desempenham um papel bem mais interessante que ela por muito menos quer dizer bem menos mesmo, nós como sempre não podemos fazer nada além de dar uma olhada no tal blog mas também com um preço desse somos obrigados a olhar mesmo.
No Brasil até a divulgação da cultura por um meio simples e comum nos dia de hoje, as pessoas arrumam um jeito de ganhar dinheiro e o pior tirando de onde precisa para colocar onde aparentemente (com uma quase certeza ) que não necessita ou se necessita, aos olhos da maioria dos brasileiros não seria uma prioridade. 

A fonte vem direta do Estadão de são Paulo, e por favor eu não odeio a Bethânia por isso, ok.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Postarei aqui as 100 livros brasileiros  do século XX, espero que apreciem e tire alguns ou todos para ler durante as nossas breves vidas comparadas ao tempo que demoraria para ler todas essas maravilhosasa obras brasileiras.
OS 100 melhores livros de acordo com votação promovida pela câmara brasileira do livro em 1999.

1.Novelas Paulistanas: Brás, Bexiga e Barra Funda – Antonio de Alcântara Machado
2.A Rosa do Povo – Carlos Drummond de Andrade
3.O Tempo e o Vento – Érico Veríssimo
4.Vidas Secas – Graciliano Ramos
5.Grande Sertão: Veredas – Guimarães Rosa
6.Invenção de Orfeu – Jorge de Lima
7.Libertinagem – Manuel Bandeira
8.Macunaíma: O Herói sem Nenhum Caráter – Mário de Andrade
9.Reinações de Narizinho – Monteiro Lobato
10.Poesia Liberdade – Murilo Mendes
11.Dom Casmurro – Machado de Assis
12.Triste Fim de Policarpo Quaresma – Lima Barreto
13.Memórias Sentimentais de João Miramar – Oswald de Andrade
14.Morte e Vida Severina – João Cabral de Mello Neto
15.A Hora da Estrela – Clarice Lispector
16.Gabriela, Cravo e Canela – Jorge Amado
17.Crônicas da Casa Assassinada – Lúcio Cardoso
18.Os Sertões – Euclides da Cunha
19.O Ex-Mágico – Murilo Rubião
20.O Vampiro de Curitiba – Dalton Trevisan
21.Os Cavalinhos de Platiplanto – J.J. Veiga
22.A Coleira do Cão – Rubem Fonseca
23.Ópera dos Mortos – Autran Dourado
24.A Lua vem da Ásia – Campos de Carvalho
25.Histórias do Desencontro – Lygia Fagundes Telles
26.Canaã – Graça Aranha
27.A Menina Morta – Cornélio Penna
28.A Luta Corporal – Ferreira Gullar
29.O Conde e o Passarinho – Rubem Braga
30.Baú de Ossos – Pedro Nava
31.Jeremias sem Chorar – Cassiano Ricardo
32.Faróis – Cruz e Souza
33.Vestido de Noiva – Nelson Rodrigues
34.O Pagador de Promessa – Dias Gomes
35.Navalha na Carne – Plínio Marcos
36.A Moratória – Jorge Andrade
37.Mar Absoluto – Cecília Meireles
38.O Dialeto Caipira – Amadeu Amaral
39.Princípios de Lingüística Geral – Joaquim Matoso Câmara Júnior
40. A Unidade da România Ocidental – Theodoro Henrique Maurer Jr
41. Línguas Brasileiras: para o Conhecimento das Línguas Indígenas – Aryon DallIgna Rodrigues
42.Princípios da Economia Monetária – Eugênio Gudin
43.Inflação: Gradualismo e Tratamento de Choque – Mário Henrique Simonsen
44.Da Substituição de Importações ao Capitalismo Financeiro – Maria daConceição Tavares
45.A Inflação Brasileira – Ignácio Rangel
46.Quinze Anos de Política Econômica – Carlos Lessa
47.A Economia Brasileira em Marcha Forçada – Antônio Barros de Castro eFrancisco Eduardo Pires de Souza
48.História Econômica do Brasil, 1500-1808 – Roberto Cochrane Simonsen
49.Desenvolvimento Econômico e Evolução Urbana – Paul Singer
50.A Lanterna na Popa: Memórias – Roberto Campos
51.Tratado de Direito Privado – Pontes de Miranda
52.Código Civil dos Estados Unidos dos Brasil – Comentado – ClóvisBevilacqua
53.A Cultura Brasileira: Introdução ao Estudo da Cultura no Brasil -Fernando de Azevedo
54.Educação para a Democracia: Introdução à Adm. Educ. – Anísio SpinolaTeixeira
55.Pedagogia do Oprimido – Paulo Freire
56.História da Educação no Brasil – Otaíza Oliveira Romanelli
57.A Criança Problema – Arthur Ramos
58.José Bonifácio: História dos Fundadores do Império do Brasil – OctávioTarquínio de Sousa
59.Capítulos da História Colonial – 1500 – 1800 – João Capistrano de Abreu
60
.Evolução Política do Brasil e outros Estudos – Caio Prado Jr.
61.Formação Econômica do Brasil – Celso Furtado
62.Raízes do Brasil – Sérgio Buarque de Hollanda
63.Portugal e Brasil na Crise do Antigo Sistema Colonial – Fernando A.Novais
64.Da Senzala à Colônia – Emília Viotti da Costa
65.Os Donos do Poder. Formação do Patronato Político Brasileiro – RaymundoFaoro
66.Olinda Restaurada – Guerra e Açúcar no Nordeste – 1630/1654 – EvaldoCabral de Mello
67.O Escravismo Colonial – Jacob Gorender
68.A Integração do Negro na Sociedade de Classes – Florestan Fernandes
69.Casa Grande & Senzala – Gilberto Freyre
70.Formação da Literatura Brasileira – Antônio Cândido
71.A Terra e o Homem no Nordeste – Manoel Correia de Andrade
72.O Colapso do Populismo no Brasil – Octávio Ianni
73.Populações Meridionais do Brasil: Hist. Org. Psicolog. – OliveiraVianna]
74.Teoria da História do Brasil – José Honório Rodrigues
75.Formação Histórica da Nacionalidade Brasileira – Manoel de OliveiraLima
76.O Espaço Dividido, os dois circuitos da economia urbana dos paísessubdesenvolvidos – Milton Santos
77.Capitalismo e Escravidão no Brasil Meridional – Fernando HenriqueCardoso
78.Aldeamentos Paulistas – Pasquale Petrone
79.O Messianismo no Brasil e no Mundo – Maria Isaura Pereira Queiroz
80.Os Africanos no Brasil – Nina Rodrigues
81.Bibliografia Crítica da Etnologia Brasileira
82.Tradição e Transição em uma Cultura Rural do Brasil – Emílio Willems
83.Aspectos Fundamentais da Cultura Guarani – Egon Schaden
84.Estudos Afro-Brasileiros – Roger Bastide
85.Povoamento da Cidade de Salvador – Thales de Azevedo
86.Os Índios e a Civilização – A Integração das Populações Indígenas noBrasil Moderno – Darcy Ribeiro
87.O índio e o Mundo dos Brancos. A situação dos Tukuma dos AltosSolimões – Roberto Cardoso deOliveira
88.Bahia: A Cidade do Salvador e seu Mercado no Século XIX – Kátia M. deQueirós Mattoso
89.O Brasil Nação. Realidade da Soberania Brasileira
90.A Organização Social – Alberto Torres
91.Contribuição à História das Idéias no Brasil – João Cruz Costa
92.Consciência e Realidade Social – Álvaro Vieira Pinto
93.Estudos de Literatura Brasileira – José Veríssimo
94.Construções Civis: Curso Professorado na Escola Politécnica de SãoPaulo – Alexandre Albuquerque
95.Cálculo de Concreto Armado – Telemaco Van Langendonck / AssociaçãoBrasileira de Cimento Portland,1944-1950
96.Sobre Arquitetura – Lúcio Costa
97.Dicionário de Arquitetura Brasileira – Eduardo Corono e Carlos Lemos
98.Dicionário das Artes Plásticas no Brasil – Roberto Pontual
99.História Geral da Arte no Brasil – Walter Zanini
100.Histologia Básica – Luis Carlos Uchoa Junqueira e Jose Carneiro.

são 100 obras de variados autores de variados títulos e "espécies" ,espero que curtam e  tomem como base em pesquisas e esses são apenas umas amostras da literatura brasileira em toda a sua vastidão.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Valorize o Brasil!


Escrito por uma brasileira que mora na Holanda.
Os brasileiros acham que o mundo todo presta, menos o Brasil. E realmente parece que é um vicio falar mal do Brasil. Todo lugar tem seus pontos positivos e negativos, mas no exterior eles maximizam os positivos enquanto no Brasil se maximizam os negativos.

* Aqui na Holanda os resultados das eleicoes demoramhorrores porque nao ha nada automatizado. Soh existe uma companhia telefonica e (pasmem !) se vc ligar reclamando do servico, corre o risco de ter seu telefone temporariamente desconectado.

* Nos Estados Unidos e na Europa ninguem tem o habito de enrolar o sanduiche em um guardanapo - ou de lavar as maos -antes de comer.
Nas padarias, feiras e acougues europeus os atendentes recebem o dinheiro e com a mesma mao suja te entregam o pao ou a carne.

* Em Londres existe um lugar famosissimo que vende batatas fritas enroladas em folhas de jornal - e tem fila na porta.

* Na Europa nao-fumante eh minoria. Se pedir mesa de nao-fumante o garcon ri na sua cara, porque nao existe. Fumam ateh em elevador.

* Em Paris os garcons sao conhecidos por seu mau humor e grosseria e qualquer garcon de botequim no Brasil podia ir pra lah dar aulas de "Como conquistar o cliente".

Vamos nos engajar neste movimento!
Você sabe como as grandes potências fazem para destruir
um povo?

Impõem suas crenças e cultura.
Se você parar para observar, em todo filme dos EUA a bandeira nacional aparece, e geralmente na hora em que estamos emotivos.
Temos uma língua que apesar de não se parecer quase nada com a língua portuguesa é chamada de língua portuguesa, enquanto que as empresas de software a chamam de português brasileiro, porque não conseguem se comunicar com os seus usuários brasileiros através da
língua portuguesa.
Somos vitimas de vários crimes contra nossa pátria, crenças, cultura, língua etc... Os brasileiros mais esclarecidos sabem que temos muitas razões para resgatar nossas raízes culturais.

Os dados são da Anthropos Consulting (do Prof. Marins):

1. O Brasil é o país que tem tido maior sucesso nocombate à AIDS e de outras doenças sexualmente transmissíveis, e vem sendo exemplo mundial.

2. O Brasil é o único país do hemisfério sul que está participando do Projeto Genoma.

3. Numa pesquisa envolvendo 50 cidades de diversos países, a cidade do Rio de Janeiro foi considerada a mais solidária.

4. Nas eleições de 2000, o sistema do Tribunal RegionalEleitoral (TRE) estava informatizado e m todas as regiões do Brasil, com resultados em menos de 24 horas depois do início das apurações. O modelo chamou a atenção de uma das maiores potências mundiais: os Estados Unidos, onde a apuração dos votos teve que ser refeita várias vezes, atrasando o resultado e colocando em xeque a credibilidade do processo.

5. Mesmo sendo um país em desenvolvimento, os internautas brasileiros representam uma fatia de 40% do mercado na América Latina.

6. No Brasil temos 14 fábricas de veículos instaladas e outras 4 se instalando, enquanto alguns países vizinhos não possuem nenhuma.

7. Das crianças e adolescentes entre 7 e 14 anos, 97,3% estão estudando.

8. O mercado de telefones celulares do Brasil é o segundo do mundo, com 650 mil novas habilitações a cada mês.

9. Na telefonia fixa, nosso país ocupa a quinta posição em número de linhas instaladas.

10. Das empresas brasileiras, 6.890 possuem certificado
de qualidade ISO 9000, maior número entre os países em desenvolvimento. No México são apenas 300 empresas e 265 na Argentina.

11. O Brasil é o segundo maior mercado de jatos e helicópteros executivos.


Por que temos esse vício de só falar mal do nosso Brasil?

1. Por que não nos orgulhamos em dizer que nosso mercado
editorial de livros é maior do que o da Itália, com mais de 50 mil títulos novos a cada ano?

2. Que temos o mais moderno sistema bancário do planeta?

3. Que nossas agências de publicidade ganham os melhores e maiores prêmios mundiais?

4. Por que não falamos que somos o país mais empreendedor do mundo e que mais de 70% dos brasileiros, pobres e ricos, dedicam
considerável parte de seu tempo em trabalhos voluntários?

5. Por que não dizemos que somos hoje a terceira maior democracia do mundo?

6. Que apesar de todas as mazelas, o Congresso está punindo seus próprios membros, o que raramente ocorre em outros países ditos civilizados?

7. Por que não nos lembramos que o povo brasileiro é um povo hospitaleiro, que se esforça para falar a língua dos turistas, gesticula e não mede esforços para atendê-los bem?

A seguir comentários de um doutorando da UFMG:
(Isso é pura verdade. Há duas semans tivemos aula com um professor francês, tentando falar espanhol, com sotaque francês. Ontem tivemos aula com uma professora inglesa falando inglês, e dane-se quem não entende. No ano passado tivemos 4 seminários internacionais com professores ingleses falando em inglês.
Embora fossem eles do primeiro mundo, não sabem sequer uma palavra em português, mas nós debatemos com eles EM INGLÊS(!) apesar de sermos do terceiro mundo)

8. Por que não nos orgulhamos de ser um povo que faz piada da própria desgraça e que enfrenta os desgostos sambando?

É! O Brasil é um país abençoado de fato.
Bendito este povo, que possui a magia de unir todas as raças, de todos os credos.
Bendito este povo, que sabe entender todos os sotaques, talvez porque sua verdadeira língua pátria não seja bem
entendida.
Bendito este povo, que oferece todos os tipos de
climas para contentar toda gente.
 

http://www.youtube.com/watch?v=c3CrTC6wAKg - Assistam o Védeo

terça-feira, 26 de abril de 2011

Manifesto Pau Brasil

A poesia existe nos fatos. Os casebres de açafrão e de ocre nos verdes da Favela, sob o azul cabralino, são fatos estéticos.

O Carnaval no Rio é o acontecimento religioso da raça. Pau-Brasil. Wagner submerge ante os cordões de Botafogo. Bárbaro e nosso. A formação étnica rica. Riqueza vegetal. O minério. A cozinha. O vatapá, o ouro e a dança.

Toda a história bandeirante e a história comercial do Brasil. O lado doutor, o lado citações, o lado autores conhecidos. Comovente. Rui Barbosa: uma cartola na Senegâmbia. Tudo revertendo em riqueza. A riqueza dos bailes e das frases feitas. Negras de Jockey. Odaliscas no Catumbi. Falar difícil.

O lado doutor. Fatalidade do primeiro branco aportado e dominando politicamente as selvas selvagens. O bacharel. Não podemos deixar de ser doutos. Doutores. País de dores anônimas, de doutores anônimos. O Império foi assim. Eruditamos tudo. Esquecemos o gavião de penacho.

A nunca exportação de poesia. A poesia anda oculta nos cipós maliciosos da sabedoria. Nas lianas da saudade universitária.

Mas houve um estouro nos aprendimentos. Os homens que sabiam tudo se deformaram como borrachas sopradas. Rebentaram.

A volta à especialização. Filósofos fazendo filosofia, críticos, critica, donas de casa tratando de cozinha.

A Poesia para os poetas. Alegria dos que não sabem e descobrem.

Tinha havido a inversão de tudo, a invasão de tudo : o teatro de tese e a luta no palco entre morais e imorais. A tese deve ser decidida em guerra de sociólogos, de homens de lei, gordos e dourados como Corpus Juris.

Ágil o teatro, filho do saltimbanco. Agil e ilógico. Ágil o romance, nascido da invenção. Ágil a poesia.

A poesia Pau-Brasil. Ágil e cândida. Como uma criança.

Uma sugestão de Blaise Cendrars : – Tendes as locomotivas cheias, ides partir. Um negro gira a manivela do desvio rotativo em que estais. O menor descuido vos fará partir na direção oposta ao vosso destino.

Contra o gabinetismo, a prática culta da vida. Engenheiros em vez de jurisconsultos, perdidos como chineses na genealogia das idéias.

A língua sem arcaísmos, sem erudição. Natural e neológica. A contribuição milionária de todos os erros. Como falamos. Como somos.

Não há luta na terra de vocações acadêmicas. Há só fardas. Os futuristas e os outros.

Uma única luta – a luta pelo caminho. Dividamos: Poesia de importação. E a Poesia Pau-Brasil, de exportação.

Houve um fenômeno de democratização estética nas cinco partes sábias do mundo. Instituíra-se o naturalismo. Copiar. Quadros de carneiros que não fosse lã mesmo, não prestava. A interpretação no dicionário oral das Escolas de Belas Artes queria dizer reproduzir igualzinho... Veio a pirogravura. As meninas de todos os lares ficaram artistas. Apareceu a máquina fotográfica. E com todas as prerrogativas do cabelo grande, da caspa e da misteriosa genialidade de olho virado – o artista fotógrafo.

Na música, o piano invadiu as saletas nuas, de folhinha na parede. Todas as meninas ficaram pianistas. Surgiu o piano de manivela, o piano de patas. A pleyela. E a ironia eslava compôs para a pleyela. Stravinski.

A estatuária andou atrás. As procissões saíram novinhas das fábricas.

Só não se inventou uma máquina de fazer versos – já havia o poeta parnasiano.

Ora, a revolução indicou apenas que a arte voltava para as elites. E as elites começaram desmanchando. Duas fases: 10) a deformação através do impressionismo, a fragmentação, o caos voluntário. De Cézanne e Malarmé, Rodin e Debussy até agora. 20) o lirismo, a apresentação no templo, os materiais, a inocência construtiva.

O Brasil profiteur. O Brasil doutor. E a coincidência da primeira construção brasileira no movimento de reconstrução geral. Poesia Pau-Brasil.

Como a época é miraculosa, as leis nasceram do próprio rotamento dinâmico dos fatores destrutivos.

A síntese

O equilíbrio

O acabamento de carrosserie

A invenção

A surpresa

Uma nova perspectiva

Uma nova escala.

Qualquer esforço natural nesse sentido será bom. Poesia Pau-Brasil

O trabalho contra o detalhe naturalista – pela síntese; contra a morbidez romântica – pelo equilíbrio geômetra e pelo acabamento técnico; contra a cópia, pela invenção e pela surpresa.

Uma nova perspectiva.

A outra, a de Paolo Ucello criou o naturalismo de apogeu. Era uma ilusão ética. Os objetos distantes não diminuíam. Era uma lei de aparência. Ora, o momento é de reação à aparência. Reação à cópia. Substituir a perspectiva visual e naturalista por uma perspectiva de outra ordem: sentimental, intelectual, irônica, ingênua.

Uma nova escala:

A outra, a de um mundo proporcionado e catalogado com letras nos livros, crianças nos colos. O redame produzindo letras maiores que torres. E as novas formas da indústria, da viação, da aviação. Postes. Gasômetros Rails. Laboratórios e oficinas técnicas. Vozes e tics de fios e ondas e fulgurações. Estrelas familiarizadas com negativos fotográficos. O correspondente da surpresa física em arte.

A reação contra o assunto invasor, diverso da finalidade. A peça de tese era um arranjo monstruoso. O romance de idéias, uma mistura. O quadro histórico, uma aberração. A escultura eloquente, um pavor sem sentido.

Nossa época anuncia a volta ao sentido puro.

Um quadro são linhas e cores. A estatuária são volumes sob a luz.

A Poesia Pau-Brasil é uma sala de jantar domingueira, com passarinhos cantando na mata resumida das gaiolas, um sujeito magro compondo uma valsa para flauta e a Maricota lendo o jornal. No jornal anda todo o presente.

Nenhuma fórmula para a contemporânea expressão do mundo. Ver com olhos livres.

Temos a base dupla e presente – a floresta e a escola. A raça crédula e dualista e a geometria, a algebra e a química logo depois da mamadeira e do chá de erva-doce. Um misto de "dorme nenê que o bicho vem pegá" e de equações.

Uma visão que bata nos cilindros dos moinhos, nas turbinas elétricas; nas usinas produtoras, nas questões cambiais, sem perder de vista o Museu Nacional. Pau-Brasil.

Obuses de elevadores, cubos de arranha-céus e a sábia preguiça solar. A reza. O Carnaval. A energia íntima. O sabiá. A hospitalidade um pouco sensual, amorosa. A saudade dos pajés e os campos de aviação militar. Pau-Brasil.

O trabalho da geração futurista foi ciclópico. Acertar o relógio império da literatura nacional.

Realizada essa etapa, o problema é outro. Ser regional e puro em sua época.

O estado de inocência substituindo o estada de graça que pode ser uma atitude do espírito.

O contrapeso da originalidade nativa para inutilizar a adesão acadêmica.

A reação contra todas as indigestões de sabedoria. O melhor de nossa tradição lírica. O melhor de nossa demonstração moderna.

Apenas brasileiros de nossa época. O necessário de química, de mecânica, de economia e de balística. Tudo digerido. Sem meeting cultural. Práticos. Experimentais. Poetas. Sem reminiscências livrescas. Sem comparações de apoio. Sem pesquisa etimológica. Sem ontologia.

Bárbaros, crédulos, pitorescos e meigos. Leitores de jornais. Pau-Brasil. A floresta e a escola. O Museu Nacional. A cozinha, o minério e a dança. A vegetação. Pau-Brasil.



OSWALD DE ANDRADE
(Correio da Manhã,
18 de março de 1924.)